O diálogo é o processo pelo qual um ser humano interage com o outro trocando informações. Essa troca, grosseiramente falando, pode ser com palavras – a conversa – ou sem palavras- comunicação não verbal.
O diálogo é a bússola que vai ditar o prumo para uma relação afetiva fundamental entre professor e aluno. Na verdade, o diálogo é o elemento norteador para qualquer relação!
Todavia o meu recorte aqui será apenas na Escola, combinado?
É através do diálogo que conseguimos entender como o outro se sente, como nossas ações impactam o outro e também como podemos demonstrar ou explicar algo e até mesmo mediar conflitos.
Na literatura brasileira temos um grande exemplo da falta de dialogo.
Vidas Secas de palavras
Graciliano Ramos aborda nesse livro uma severa crítica social. Os filhos de Sinhá Vitória e Fabiano não possuem nomes próprios, são chamados apenas de o menino mais velho e o menino mais novo. Além disso, essas duas crianças não estão na Escola e tem como referência pais que também não tiveram a oportunidade de uma educação básica.
Essa família, que foge da seca, quase se reconhece na condição de bicho. Ninguém ali domina a arte da comunicação, apenas lutam pela sobrevivência em um cenário seco de água e de palavras.
E.T. o Extraterrestre
Muito provavelmente vocês também se lembram da cena épica em que o menino Elliott se comunica com seu amigo E.T. Basta Elliott conectar seu dedinho indicador com o dedo reluzente do extraterrestre e ali, naquele momento, pouco importa o que E.T tentou balbuciar, mas todos entendem que houve uma comunicação.
Uma exemplo de uma comunicação super avançada, não é mesmo? De um jeito diferente, mas que funciona muito bem;
A mensagem estava ali da maneira mais genuína possível. Com nenhum ou quase nenhum mal entendido. Dois extremos, não é mesmo?
O que esses extremos nos convida a pensar é que quanto menos diálogo há em uma relação, maior é a distância do outro.
#NaEscola
Como é a comunicação na sua Escola? Como você, enquanto professor, promove esses momentinhos? São momentos de diálogos apenas com palavras ou por meio de olhares e atitudes? Em quais atividades essa troca acontece?
Você há de concordar comigo que algumas atividades promovem mais o diálogo que outras. Nossa dica para fomentar o diálogo em sala são as escolhas de atividades participativas, que envolve a comunicação oral e a exploração do vocabulário.
A roda de conversa, por exemplo, é um espaço privilegiado de troca, de desenvolvimento da capacidade de argumentação de negociação de sentidos e competências fundamentais dessa criança. Ela se torna um ótimo instrumento para que a o professor trace a história do desenvolvimento individual e coletivo do grupo.
Na roda de conversa as crianças expõem suas ideias com autonomia e interagem com as ideias e sonhos dos outros pequenos. Saber ouvir também faz parte do diálogo e é uma arte. É onde a troca acontece e, consequentemente, o aprendizado.
RODA DE CONVERSA
Peça para que a turma faça uma grande roda na sala.
A ideia é que todos possam se ver e ver você. Escolha uma música que acalme as crianças e faça com que elas entrem na mesma energia. Avise que essa é uma roda de conversa especial e que todos vão aprender várias coisas. Nesse momento você já se planejou e escolheu um assunto que causa curiosidade naquela turma. Comece o bate-papo com uma pergunta instigante, uma história conhecida, um problema que leve à criação de hipóteses, um assunto que demande opiniões etc. Dê preferência aos assuntos que ja foram trabalhados.
Perceba a turma, veja quem entendeu a proposta e quem não. Traduza para aqueles que não entenderam e verifique que todos estão compreendendo a proposta. Fique atento ainda aos que falam menos e aos que falam bastante, procurando garantir a oportunidade a todos em diferentes momentos. Ressalte o vocabulário usado pelas crianças e invista em palavras novas.
Dialogando
Aproveite as perguntas que surgiram na roda e explore. Também explore sobre a escuta. Por que é importante fazer silêncio quando alguém fala? O que acontece se você não consegue ouvir seu amiguinho? Precisamos cuidar do tom de voz? E se falamos muito baixinho? O que fazemos quando o amigo falou uma coisa que não entendemos?
REGISTROS
Fique atento às conversas das crianças nos diferentes momentos, enquanto brincam, enquanto falam ou escutam. Observe os saberes que adquiriram relacionados a um fazer (falar, ouvir, esperar a vez, perguntar) e anote.
Anote tudo que passar pela sua cabeça, pois vai ser a partir dessa anotação que você planejará uma roda de conversa melhor que anterior.
E claro, compartilhe com seus colegas e com a gente. Queremos muito saber qual foi o assunto da sua Roda de conversa. =)
Posto isso, quero te convidar para uma reflexão sobre o registro desse diálogo.
Registrar dá trabalho, isso é fato! São muitas crianças e muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Apesar da rotina engolir os minutos é preciso se atentar para o registro. Seja no diário de classe ou o caderno de anotação e até mesmo no papel de pão. Registrar momentos, rabiscar falas, ideias soltas, naquela situação que brota o insight para que não escape da memória é uma prática fundamental.
Alguns professores usam essa estratégia e dizem que não há tanto sucesso nela, pois está sempre fracionada e depois dá o maior trabalhão ter que ligar o computador, organizar os papéis e redigir um relatório com esses elementos. Realmente o tempo escapa pelas mãos e por este motivo os registros acabam sendo esquecidos ou algumas informações são perdidas pelo caminho.
E se você pudesse fazer tudo isso de um jeito mais fácil e moderno? E se na hora de fazer o registro de uma atividade pudesse inserir fotos e vídeos além da sua descrição? E se além disso você pudesse compartilhar tudo com a coordenação sem ter que sair do lugar?
É exatamente essa a proposta da Eduqa.me!
Você pode registrar o que aconteceu em suas atividades de maneira rica com fotos, vídeos e suas anotações:
Não acabou por aí! Lembra daquela anotação específica de uma única criança? Uma fala, um comportamento que você percebeu? Você pode acrescentar essa anotação no mesmo lugar e essa anotação vai compondo os registros apenas dessa criança, não é incrível!?
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Deborah Calácia para a Eduqa.me. Deborah é linguista e especialista em tecnologia e educação – Universidade de Brasília.