
Angélica Dass criou o Humanae, projeto que cria reflexões sobre a cor da pele das pessoas a partir dos códigos que essa cor pode representar.
No post de hoje, elaborei uma lista de materiais que falam sobre o preconceito racial e, também, vou falar sobre a polêmica gerada pelo tom de pele e compartilhar uma experiência do seio da minha família.
As vezes é preciso levantar alguns temas e refletir sobre eles de maneira crítica. Dia da consciência negra chegando e a pergunta ainda paira no ar é:
Por que ainda existe tanto preconceito em nossa sociedade?
A resposta eu ainda não sei, mas ando tentando desvendá-la.
Decidi abrir essa história com vocês porque acredito que o diálogo é o primeiro passo. Como de costume, liguei para minha irmã e durante um papo corriqueiro ela me contou que minha sobrinha estava sofrendo preconceito na Escola.
Além do carácter de desabafo e vínculo afetivo, falamos da importância do empoderamento e buscamos maneiras de como poderíamos incentivá-la e prepará-la para lidar com isso. Juntas pensamos em projetos, ações e maneiras de abordar esse tema com a Escola e, posteriormente, pensei e repensei sobre o tema e as Escolas que já lecionei e visitei e pude perceber como esse tema ainda é minimamente explorado nas salas de aula.
Não posso negar que algumas escolas preparam projetos sobre diversidade e teatros com temas que trabalham o preconceito racial e as implicações que ele tem na vida das pessoas, mas na maioria dos casos esse é assunto que é visitado apenas em novembro, no dia dia consciência negra.

Será que é suficiente?
Trazer a tona esse assunto tão delicado que é o racismo e compartilhar uma história pessoal é meu jeito de dizer que, não, ainda não está tudo bem, mas a Educação é o caminho para isso.
Minha sobrinha contou que na escola alguns coleguinhas estavam falando que ser marrom é feio, que cabelo ¨peludo¨ é feio, e que pessoas negras parecem que tem a pele suja.
Naturalmente ela começou a se questionar sobre seu tom de pele e trouxe a insatisfação em formato de diálogo.
“Mamãe, eu queria tanto ser rosa claro como você!”
“Querida, por que você está falando isso? Sua cor é tão linda!”
“Ah mamãe, ouvi os colegas dizendo que ser marrom claro e marrom escuro é feio. É cor de sujeira.”

“Filha, ser marrom, rosa claro, rosa escuro, branco e amarelo ou qualquer outra cor do lápis de cor não significava ser feio e que a beleza está justamente em enxergar como essas pessoas se sentem e respeitar as outras pessoas a sua volta”
Em seguida começamos a pensar sobre projetos, livros, músicas e dicas de conteúdos infantis que trabalhassem o tema racismo.
Fizemos uma curadoria e em uma reunião com a Escola, minha irmã compartilhou todo o ocorrido e sugestões de como trabalhar o tema. Em seguida escreveu um email que compartilho aqui com vocês alguns trechos.
Oi Diretora! Tudo bem?
….
E obrigada por me ajudar, junto com a coordenadora da escola, na difícil, porém gratificante tarefa de educar meus filhos.
Sempre que levo uma questão, vocês trabalham de imediato em cima do assunto e logo vejo os resultados, super positivos, diga-se de passagem, se refletindo em casa.
Como no caso do…
Tenho algumas observações para acrescentar à nossa conversa de ontem:
1 – Outras mães de coleguinhas da minha filha, uma da mesma turma e outro da turma de outra professora, me disseram que seus filhos também já sofreram preconceito racial em sala de aula.
Como te disse ontem, achei meio cedo para essas crianças terem atitudes racistas e discriminatórias, mas é a realidade e nós, pais em conjunto com a escola, devemos ensiná-las a respeitar as diferenças.
2 – Achei excelente a ideia de trabalhar o tema Diversidade em sala de aula, mas acho que deve ser levado para casa também. O que você pensa sobre isso?
As vezes fazer uma atividade e convidar os pais, por exemplo: uma peça teatral; palestra só para os pais ensinando como lidar com o tema em casa;
Tarefas de casa abordando o assunto para ser realizada com os pais;
Montar um mural com fotos de diferentes povos pelo mundo destacando as diferenças, principalmente de cor, entre eles, e outro mural com as cores dos brasileiros – tudo com a ajuda dos pequenos, claro… etc.)
Não sou pedagoga nem quero interferir muito no projeto de vocês, mas queria te passar algumas ideias que tive com a minha irmã, e que, se você julgar interessante pode ser útil compartilhar e usar na Escola.
3 – Também te disse ontem que pesquisei sobre o assunto e achei vários livros interessantes para a faixa etária deles. Separei alguns, segue a lista:
Tem bastante obras sobre o tema de discriminação racial, mas também sobre outros tipos de preconceitos.
Alguns eu já achei na internet (download) outros vou comprando em sites.

Enfim, espero que possamos trabalhar juntas contra esse grande mal que é o preconceito.
Conte comigo sempre que precisar.
Abraços,
Família e Escola juntas trabalhando a consciência negra e desenvolvendo a inquietação e o olhar crítico que se faz necessário dentro do nosso lar, na escola, nas ruas e nossos corações.

A discussões sobre questões relativas à identidade, representação e a relação entre o que somos e como somos e o que vemos, e como nos vemos e somos vistos. Por isso, faço menção a um recorte particular, aposto que cada um aqui, negro ou não já vivenciou situação parecida.
Ampliar essa reflexão e valorizar a importância de respeitar a diversidade é papel da Escola, dos pais e de qualquer cidadão de bem, negro ou não.
Chega de racismo!
Mais Referências:
A beleza da pele humana em todas as cores TED
Manifesto crespo
Livros infantis para estimular a boa consciência negra18 livros infantis com meninas negras como protagonistas
Cansada de ler sobre garotos, menina reúne 4.000 livros com garotas negras
Racismo: as marcas da exclusão
INCLUSÃO: AFIRMANDO A IDENTIDADE DA CRIANÇA NEGRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Conte para gente como você trabalha esse tema na sua Escola.
Boa reflexão!
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Texto: Deborah Calácia para a Eduqa.me. Deborah é linguista e especialista em tecnologia e educação – Universidade de Brasília.
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