O termo fantasia nas escolas de educação infantil é muito utilizado. Atribui-se a ele a representação do lúdico e dos processos imaginativos na criança. O que vamos ver neste texto, vai um pouquinho além disso.
Falaremos sobre como e para que ocorre o desenvolvimento da fantasia na criança; os amigos imaginários e a fase em que isso acontece; fatores a serem observados, com o que se preocupar e como isso procede nas crianças com deficiência: autismo, deficiência intelectual, por exemplo.
A Fantasia
A fantasia está presente na vida da criança logo que ela nasce. A partir do momento em que o bebê se relaciona com o mundo externo, dá-se início a esta construção psíquica a partir da figura da mãe: o seu grande “objeto de desejo”.
Para o bebê, não existe separação entre o mundo interno e a realidade, é como se tudo ainda fosse um único corpo – o bebê e sua mãe (princípio do prazer). Através das frustrações que começam a acontecer após o nascimento nas relações estabelecidas com a mãe e o mundo, o bebê passa a utilizar a fantasia como um mecanismo de defesa contra estas sensações ruins, como por exemplo: a ansiedade, a espera para ser alimentado ou acalentado pela mãe, etc.
À medida em que o bebê cresce e se desenvolve, ele começa a se “descolar” da mãe e a perceber a realidade.
Entretanto, é por volta dos 4 e 6 anos de idade, quando a criança está no ápice do desenvolvimento da representação simbólica, que a fantasia é mais evidente.
A dramatização, as brincadeiras lúdicas e de faz-de-conta presentes no dia a dia da criança evidenciam a forte capacidade de trazer à tona o que não é real. Isso é extremamente necessário e importante para o seu desenvolvimento psíquico porque é desta forma que a criança entende a realidade, assimila regras sociais e também desenvolve as suas habilidades para aprender.
Esta faixa-etária, também é muito conhecida por ser a fase do aparecimento dos amigos imaginários. As crianças “criam” amigos imaginários para serem um alicerce nas suas relações com a realidade e uma forma de lidar melhor com ela.

Divertidamente: Bing Bong o amigo Imaginário
Algumas crianças dão vida aos ursos de pelúcia e bonecas; outras fingem ser um super-herói, super-heroína ou outro personagem.
Ou até mesmo cada um tem seu Bing Bong, personagem do filme da Disney Pixar, Divertida Mente. Bing Bong é o amigo imaginário de Riley em sua mente. Ele tem pele de algodão doce e é um híbrido entre um elefante um gato e um golfinho. Riley e tantas outras crianças criam um amigo só seu, dentro da sua cabeça para fazerem o seu jogo simbólico*.
*Jogo simbólico é o termo utilizado por Piaget, para se referir de forma especial às brincadeiras imaginativas da criança.
“A fantasia é o remédio mais saudável para nossa alma“
Priscila Bonvino – arte-educadora
Mais do que entender sobre a criança é preciso entender como estabelecer contato com e ela e propor atividades divertidas que desenvolvem o seu momento na Educação Infantil.
Livros de histórias, poesias e mesmo revistas podem ser prazerosos para mergulhar no mundo do imaginário. Considere, em primeiro lugar, o interesse de cada criança e use a roda de leitura para provocar esses momentos nos seus pequenos.
E não esqueça de fazer os registros eles são fundamentais para acompanhar o desenvolvimento infantil. Com os registros online é possível compartilhar com as famílias as informações referente a fantasia e pais e responsáveis podem compreender melhor o trabalho desenvolvido na Escola.
No próximo post falarei sobre os amigos imaginários em O mundo da Fantasia na criança II
Texto: Luciana Fernandes Duque para a Eduqa.me. Luciana é doutoranda em Educação Especial – Faculdade de Motricidade Humana pela Universidade de Lisboa – Portugal, Mestre em Educação – Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Psicopedagoga Clínica e Pedagoga com vasta experiência Educação Inclusiva. É autora de dois livros, um sobre inclusão escolar e outro sobre relação professor aluno.