#Itard: o menino selvagem
Hoje é dia de cineminha, não é mesmo?
Então prepara a pipoca, chama os amigos e vamos para a sessão indicação #NaEscola. Esse filme é um clássico que todo professor, da área da educação especial ou não, deveria conhecer.
O filme francês Itard: o menino selvagem é um filme esplêndido em todos os sentidos, tanto nos aspetos de críticos de cinema, como nos seus conteúdos, e, sem dúvida alguma é um dos filmes pedagógicos mais extraordinários já produzidos pelo François Truffaut. Apesar de ser um filme antigo, de 1970, o filme é baseado em fatos reais e traz contribuições para a área da aprendizagem e da comunicação até os dias de hoje.
Para aqueles que ainda não viram o filme, vou provocar fazendo um pequeno resuminho para provocar a curiosidade:

No Verão de 1798, numa floresta francesa, foi encontrada por caçadores uma criança selvagem. Esta criança foi levada para Paris e observada pelo psiquiatra mais importante da época, o Dr. Pinel.
Pinel considerou a criança como um caso perdido, ou seja, como diziam antigamente ao se referir as pessoas com deficiências graves: um idiota irrecuperável.
Inconformado com a atitude de Pinel, o jovem médico Itard, ao contrário do renomado colega, discordou deste diagnóstico e resolveu considerar ser possível tratar o atraso provocado não por questões orgânicas ou biológicas da criança, mas sim pelo seu isolamento total.
Para que fosse possível trabalhar de forma adequada à condição selvagem da criança, assim como a veracidade da sua teoria, Itard pediu a tutela do menino. Assim, na sua casa e com a ajuda da sua governanta, iniciou a difícil tarefa de educar e desenvolver os sentidos, a inteligência, afetividade e socialização da criança selvagem, a qual deu o nome de Victor.
Foi um período muito duro, mas a partir do escutar, observar, conviver, planejar e por último agir, Itard consegue avanços.
Estamos acostumados a fazer o caminho inverso; planejamos primeiro, depois agimos, convivemos e talvez por último escutamos.
Para se comunicar é preciso ouvir/escutar e um diálogo exige observação, e por consequência, o observar nos permite conhecer o outro.
#NaEscola
O que podemos aprender com a história do filme?
Enquanto professores, temos uma grande necessidade de falar. Uma fala que para muitos, sem se quer perceber, sobrepõe-se ao ouvir. Não ouvir os alunos, ou seja, não permitir que eles tenham em algum momento a palavra, é uma forma de impedir que o diálogo aconteça, já que não se estabelece uma relação mutua de aprendizagem e mediação do conhecimento.
De nada adianta ao professor se esforçar para dar a melhor aula e cumprir com os conteúdos se não conseguir se comunicar com a criança: escutar, observar, conviver, planejar, para depois agir, assim como fez Itard.
Itard foi “obrigado” a observar Victor, já que este não se comunicava pela linguagem falada. Com isso, conseguiu aprimorar recursos fantásticos da comunicação não verbal, além de refinar a sua escuta e o olhar.
Gostou? Então é só apertar o play.
O filme inteiro está no Youtube e, caso prefira, poderá encontrá-lo nas locadoras.

#Na Prática
Devemos ser mais Itard nas nossa sala de aula.
As rodas de conversa, por exemplo, são ótimas estratégias para exercitar o diálogo e a escuta. Fazer silêncio quando alguém fala é um sinal de respeito ao outro, além disso, quando alguém está se comunicando com o outro, nada pode ser mais importante do aquele momento e aquela pessoa envolvida no diálogo.
Estes cuidados fazem toda a diferença nas relações de ensino-aprendizagem, já que ao ouvir atribui-se um significado ao outro que o valoriza e o motiva a aprender mais.
Não silencie as vozes que precisam de vida para transformarem-se no real aprendizado.
E para apoiá-los nessa tarefa de escuta e de planejamento sugiro que experimentem anotar tudo. Pois todo avanço servirá para essas reflexões e futuro planos de ação para cada criança.
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Lembra daquela anotação específica de uma única criança? Uma fala, um comportamento que você percebeu? Você pode acrescentar essa anotação no mesmo lugar e essa anotação vai compondo os registros apenas dessa criança, não é incrível!?

Anotações individuais na Eduqa.me
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Texto: Luciana Fernandes Duque para a Eduqa.me. Luciana é doutoranda em Educação Especial – Faculdade de Motricidade Humana pela Universidade de Lisboa – Portugal, Mestre em Educação – Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Psicopedagoga Clínica e Pedagoga com vasta experiência Educação Inclusiva. É autora de dois livros, um sobre inclusão escolar e outro sobre relação professor aluno.